TTR In The Press
Agencia EY
June 2023
Mercado de fusões e aquisições amadurece no Brasil
Quantidade de transações de M&A deve continuar elevada, em patamar superior aos verificados em 2019 e 2020, mesmo no momento atual de instabilidade econômica e tensões geopolíticas globais
Até maio deste ano, já foram mapeadas no Brasil, de acordo com a TTR Data, 604 transações de M&A em andamento ou concluídas que apontam, com base em valores anualizados estimados, para um volume de 1.450 transações em 2023. Caso esse número se concretize, a redução será de cerca de 35% na quantidade de transações em comparação com os últimos dois anos, mas ainda superior a 2019 e 2020, quando foram mapeadas 1.217 e 1.325 transações respectivamente, ainda segundo a TTR Data. A título de comparação, entre 2014 e 2018, a média foi de 1.056 transações anuais, ou seja, o volume anualizado estimado para 2023 indica 37% de aumento, mesmo no momento atual de instabilidade econômica e tensões geopolíticas globais.
“Com o número elevado de transações observado atualmente e nos últimos anos, os profissionais de M&A se tornam cada vez mais especializados e, com sua experiência, acabam viabilizando o sucesso dessas operações. O amadurecimento dos últimos anos demonstra que o mercado de M&A, suportado por boas práticas e aliado a estratégias bem definidas, pode levar a um processo constante de criação de valor e desenvolvimento do setor privado em nosso país, gerando uma atividade relevante para a economia”, resume Antonio Lage, sócio da EY em Estratégia e Transações na América Latina Sul. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
1) A quais fatores você credita o amadurecimento do mercado de fusões e aquisições no Brasil?
ANTONIO: A cinco fatores principais: atividade consistente e estruturada de fundos de private equity (PE) e venture capital (VC); agenda de crescimento e consolidação das empresas de médio porte (middle market); Corporate Venture Capital (CVC) como driver da agenda de crescimento de grandes grupos; revisão de portfólio, levando ao desinvestimento de ativos que não fazem parte do core, estratégia essa que passou a integrar a agenda do C-Level; e melhor preparação, governança e compliance nos negócios. Todos esses fatores geraram volume maior de transações em comparação com cinco ou dez anos atrás, mesmo neste momento desafiador que vivemos.
2) Nesse contexto, quais são suas considerações sobre os fundos de PE e VC e em relação ao middle market?
ANTONIO: Os fundos de PE e VC se consolidaram no Brasil, com uma participação relevante de fundos locais, com teses nos mais diversos setores, com destaque para tecnologia, o que demonstra potencial enorme de geração de valor em nosso país. Nota-se que, mesmo no momento atual, os PEs e VCs brasileiros continuam investindo volume significativo e apostando em suas teses, objetivando o retorno mais adequado.
Também pode ser notada uma atividade resiliente no middle market, o que demonstra maior versatilidade do empresário brasileiro, normalmente esse grupo é composto por empresas nacionais e de grupos familiares que buscam aquisições ou investimentos de PEs ou estratégicos, visando ao crescimento e atingimento de todo seu potencial.
Cada vez mais, as corporações estão buscando investir em CVCs para trazer inovações aos seus negócios e buscar se antecipar aos concorrentes. Essa tem sido uma onda crescente, que vem ganhando força e se consolidando nos últimos três ou quatro anos no Brasil. Isso trouxe para a realidade corporativa uma agenda de M&A que antes não era feita de forma estruturada e usual.
3) Qual é a relevância do desinvestimento para M&As e como se dá a preparação para essas operações?
ANTONIO: A agenda de revisão de portfólio, por meio do desinvestimento, vem se tornando um hábito e, consequentemente, trazendo oportunidades de negócios ao permitir que empresas foquem no seu core e otimizem sua estrutura de capital.
Uma preparação adequada para um M&A por meio de sell side due diligence, auditoria, compliance, entre outros instrumentos, permite que as empresas se antecipem a eventuais pontos que serão trazidos pelo potencial comprador, além de apresentar números com a devida fundamentação. Historicamente, diversas transações não foram concretizadas por causa de dados frágeis ou contingências não identificadas, que pegaram o vendedor de surpresa e acabaram emperrando as negociações. A sell side due diligence, além de proporcionar melhor preparação e ganho de confiabilidade em relação às informações apresentadas, também traz agilidade para o processo de M&A e ajuda bastante na manutenção do valuation do negócio a ser vendido.
Source: Agencia EY
