O artigo tem como objetivo opinar sobre as perspectivas do mercado de M&A no Brasil e América Latina com base em dados e informações do relatório TTR Data de maio de 2023.

A América Latina registrou no período de janeiro a maio de 2023 um total de 673 transações, sendo 364 de M&A e 203 de venture capital, conforme relatório TTR Data. Brasil, Chile e México seguem nessa sequência, performando com maior relevância que Argentina, Colômbia e Peru. O Brasil foi o país que apresentou o maior volume de operações domésticas. 

Bom, já sabemos que o cenário não é dos melhores – comparado ao mesmo período em 2022, sendo que a recorrente falta de divulgação dos valores transacionados prejudica um pouco a análise do volume de transações em espécie –, porém, dentro do que é divulgado no relatório TTR, observamos um aumento das transações, que passaram de 50 milhões a 100 milhões de dólares nos últimos 5 anos. Os setores de internet, software e TI trouxeram com a maior quantidade de negócios fechados. Também é importante destacar que, desde 2010, as empresas sediadas nos USA são as que mais adquirem empresas brasileiras e, assim, permanecemos atualmente com 60 operações no período de 2023.

Além dos EUA, também temos Reino Unido e Espanha olhando para empresas na América Latina e buscando por negócios de internet, software e business & professional support services. O volume de business & professional support services nos leva a refletir que a busca por mão de obra tem impulsionado operações de M&A, com o trabalho remoto ajudando nesta demanda, e a América Latina tem se tornado bastante atraente. 

Quando o tema é aquisição realizada por países da América Latina, mercados como EUA, Chile e Reino Unido são onde mais identificamos operações nos setores de software especifico, internet, TI, bancos e investimentos.

Embora o mercado de M&A apresente quedas em relação ao mesmo período de 2022, negócios fechados em tecnologia e estratégias de expansão tem acontecido de uma forma positiva para o mercado brasileiro, como a operação da Digibee, que fechou uma série B de US$ 60 milhões – a plataforma de conectores para integração de softwares que tive o privilégio de realizar as diligências em rodada anterior realizada pela Brasil Venture Debt. Além dos acionistas já existentes, agora a Digibee contou com mais um time de investidores de igual peso, incluindo Goldman Sachs, Vivo Ventures e a Kfund. A Kfund, inclusive, realizou seu primeiro aporte na América Latina, confirmando o interesse de estrangeiros pelo setor de tecnologia do Brasil.  

Além do caso da Digibee – que nos traz boas novas para estratégia de internacionalização –, também não podemos deixar de citar oportunidades de M&A em estágio inicial, como as apresentadas no relatório TTR Data, que apresenta alianças de agregação de inteligências para alcançar maior expansão no mercado, como a franqueadora de mini-mercados Minha Quitandinha e sua parceria com o Metrô Rio para atender os colaboradores do metrô e expandir para ambientes corporativos. Tal qual o caso da Quitandinha, é possível ter acesso a outras oportunidades de M&A. 

Quando analiso o Radar TTR percebo que existem oportunidades diversas, para as quais, talvez, o período de crise venha nos educar para novos modelos de fazer M&A, mais conscientes do valor que precisa ser agregado aos negócios, de forma mais sustentável e realista. Será que estamos diante de uma nova forma de fazer e pensar M&A fora da tradicionalidade dos grandes negócios? 

Sigo no Brasil acompanhando de perto em minhas diligências para as operações de M&A em estágio inicial, com foco em inovação e tecnologia. 

Source: Business News Americas / BN Americas - Chile